quinta-feira, 28 de agosto de 2008

A VOZ DA ALMA



Todos nós buscamos a felicidade...


E nessa busca percorremos caminhos que nem sempre nos levam a ela...



Muitas vezes nos afastam cada vez mais do ponto onde a felicidade se encontra...



Aprendemos a querer coisas que na verdade não queremos...



Numa total incoerência com a nossa natureza...



Desde criança somos levados a acreditar que a felicidade será encontrada em coisas fora de nós...



E nos são dadas ao longo dos tempos muitas possíveis fórmulas prontas...



E muitos caminhos que apontam para a tão buscada felicidade...



E acabamos acreditando que fora daqueles padrões e daqueles conceitos não existe a menor chance de ser feliz...



E vamos por aí...



Conquistando Coisas... Cargos... Status... Stress...



Menos a felicidade...



Dá um sentimento de vazio quando constatamos que não era bem aquilo que esperávamos...



Uma sensação de ter vencido a corrida e não ter levado o prêmio...



Mas... A voz do ego nos chama de muitas formas...



Cada vez mais atrativas e mais convincentes e de novo embarcamos nessa busca...



Que não tem conexão com a nossa vontade mais profunda...



E podemos ficar perdidos no meio de tantos chamados do ego...



Tentando chegar aos muitos finais onde existem as promessas que nunca se cumprem



E que cada vez mais nos afastam da felicidade...



Ou podemos escolher escutar uma outra voz...



Uma voz que nos fala suavemente nos convidando a descobrir nosso próprio caminho...



Sem receitas prontas e aonde cada um vai escrevendo a sua própria história...



É a voz da Alma...



Para seguir esse chamado da alma é preciso coragem... Desapego...



Além de muita Fé.



Coragem porque em alguns pontos precisamos abrir a nossa própria estrada...



Passar por onde ninguém passou...



Buscando nos mergulhos profundos as pistas que indicam a direção do próximo passo...



Desapego dos conceitos...



Das regras e principalmente do ego...



É preciso desaprender muitas das coisas que aprendemos...



E deixar espaço para as coisas novas e que fazem sentido para a nossa história...



E fé para confiar nos caminhos que a Alma nos indica...



Sabendo que aqui não existem os limites da nossa mente racional e que os impossíveis



Podem se tornar possíveis quando menos esperamos...



Quando nos abrimos para seguir a voz da Alma...



Aos poucos vamos descobrindo que a felicidade não se encontra nos prometidos finais...



Mas em cada passo em que estamos conectados com o nosso propósito Divino...



Vamos percebendo que a felicidade é um atributo de cada um de nós que



Aparece na medida em que vamos nos conhecendo melhor e nos aproximando de quem realmente somos...



A felicidade se aproxima da gente na medida em que nos aproximamos de nós mesmos...



E chega um tempo onde não conseguimos mais fugir do chamado que vem da Alma...



Porque essa voz vai se fazendo tão presente e tão natural que entendemos que é a única voz que nos indica o caminho de volta pra casa...



Escute a voz da sua alma e siga esses caminhos...



Assim você vai perceber que muito além do conhecido existem muitas possibilidades...



Até a de Ser feliz...






(Marta Quirino)

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Máscaras

Usamos muitas e nem percebemos.

Assumimos vários personagens e nem decoramos textos.

Posamos de várias formas e nem trocamos de vestimenta.
Ás vezes até colocamos de propósito.
Se necessário, até fazemos roteiro.
Um traje adequado, faz parte da cena.

Isso é viver.

Vivemos atuando.
Representamos da melhor forma.
Mas são representações sinceras, honestas...
Quando colocamos máscaras, perdemos a nossa face.

Perda muitas vezes, irrecuperável.
Ou quem sabe, recuperada tarde demais.
Viva, represente o seu papel na vida.


Viva, mas nunca, nunca perca a sua face.


(DA)

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Insights


Desacelere. Esqueça os problemas por um segundo. Inspire profundamente. Deixe o olhar se perder no horizonte. Abstraia. Permita que seus pensamentos naveguem sem freios. Abra sua mente para os insights.

Sabe quando aquele problema não sai de sua cabeça e, quanto mais você pensa nele, menos consegue enxergar uma saída? Nesses momentos, já tentou cantar uma música ou assistir a um filme conhecido só para desviar seu foco mental? E reparou que, de repente, quando você está completamente distraído, a solução se apresenta assim, sem mais nem menos? Pois é, isso não é mágica: chama-se insight.

Para a psicologia, insights são eventos psíquicos que correspondem a compreensões, inspirações súbitas sobre qualquer assunto. São importantes para nos fazer lembrar de que nem tudo depende do pensamento racional, objetivo. As soluções surgem de uma organização mais ampla da psique, que inclui o inconsciente e não pode ser controlado ou manipulado.

As religiões ocidentais e orientais também reconhecem o insight, porém, de formas distintas. De modo geral, um insight de conteúdo religioso se apresenta como uma revelação ou inspiração divina. No caso do budismo, está relacionado a um estado de consciência em que o indivíduo percebe com clareza sua fusão com o Universo.

O insight requer uma atitude adequada do consciente em relação ao inconsciente, ou seja, valorizar sonhos, imagens, devaneios – a linguagem simbólica e poética de nosso dia-a-dia. Em vez de subjugar a mente aos rigores do raciocínio lógico, é preciso parar, relaxar, respirar, tornar a abstração um hábito, enfim, deixar “a água do rio” correr naturalmente.

AS RÉDEAS QUE APRISIONAM

Pessoas controladoras têm dificuldade em deixar os pensamentos livres e, portanto, provocar insights. “Quem tem necessidade de controlar tudo e todos tenta, na verdade, se manter afastado da frustração”, afirma o psicólogo Liveraro. A idéia é mais ou menos assim: se tenho tudo sob controle, a possibilidade de algo sair errado ou fora do que espero desejo e idealizo é mínima. Assim, não me frustro e, por conseqüência, não sofro. Além de ser impossível controlar tudo, a preocupação em não falhar nos impede de arriscar, de inovar. Nada flui e acabamos limitando nossa atenção àquilo que queremos controlar. E, quanto mais aprisionada a mente, menos espaço sobra para o insight. Buscar novos caminhos, relaxar, descontrair e, principalmente, ter muito claro que a maioria dos acontecimentos independe completamente de nossa vontade são boas dicas para evitar que o controle nos controle. “Não é a realidade que tem que se adaptar a nós. Nós é que temos de nos adaptar a ela”, lembra o psicólogo. Afinal, o mundo que está aí já existia antes de nós e continuará existindo depois que o deixarmos.

INSIGHTS GENIAIS DA HISTÓRIA

• No verão de 1948, George de Mestral (1907-1990), inventor suíço, passeava pelo campo com seu cão. Quando retornaram, estavam cobertos de carrapicho, uma semente de arbusto que se prende no pêlo de animais e na roupa. Curioso, examinou no microscópio as sementes e percebeu que pequenos ganchos se entrelaçavam com laços no tecido. Com base na observação, desenvolveu um prendedor formado de duas partes: uma superfície com pequenos ganchos rígidos, como o carrapicho, e outra com pequenos laços flexíveis, como o tecido de sua calça. Nascia o velcro.

• No fim do século 19, as irmãs Stéphanie e Caroline Tatin mantinham um hotel, bem em frente à estação de trem, na pequena cidade de Lamotte- Beuvron, na França. Seus hóspedes eram refinados caçadores. Num dia de casa cheia, Stéphanie, distraída, colocou maçãs, açúcar e manteiga para assar. Ao retirar do forno percebeu que havia esquecido a massa. Em um rompante, a jovem teve a idéia de colocar a massa por cima das maçãs e deixou que o doce assasse mais um pouco. E assim foi criada a mais famosa torta da França: a tarte tatin. • Eli Whitney (1765-1825) revolucionou a indústria têxtil ao inventar a descaroçadora de algodão. A máquina automatiza a separação da semente e da fibra, que antes era feita manualmente. Whitney teve o insight para sua máquina vendo um gato retirar penas de dentro de uma gaiola.

ALIMENTOS DA INTUIÇÃO

• Cultive o bom humor e momentos de ócio criativo, de relaxamento e diversão.
• Caminhe na praia e sinta a maresia no rosto. Não pense, contemple.
• Feche os olhos por alguns instantes e ouça o canto dos passarinhos.
• Deixe seus pensamentos se perderem ao mexer na terra, cuidar das plantas e observar os animais.
• Rituais, orações e meditações nos conectam com nosso interior e ajudam a conquistar o silêncio necessário para “ouvir” os insights.

sábado, 9 de agosto de 2008

Mensagem: Ei! Sorria...


Mas não se esconda atrás desse sorriso...

Mostre aquilo que você é, sem medo.

Existem pessoas que sonham com o seu sorriso, assim como eu.

Viva! Tente! A vida não passa de uma tentativa.

Ei! Ame acima de tudo, ame a tudo e a todos.

Não feche os olhos para a sujeira do mundo, não ignore a fome!

Esqueça a bomba, mas antes, faça algo para combatê-la,mesmo que se sinta incapaz.

Procure o que há de bom em tudo e em todos.

Não faça dos defeitos uma distância, e sim, uma aproximação.

Aceite! A vida, as pessoas, faça delas a sua razão de viver.

Entenda!Entenda as pessoas que pensam diferente de você, não as reprove.

Ei! Olhe...Olhe a sua volta, quantos amigos...

Você já tornou alguém feliz hoje?Ou fez alguém sofrer com seu egoísmo?

Ei! Não corra.

Para que tanta pressa?

Corra apenas para dentro de você.

Sonhe! Mas não prejudique ninguém e não transforme seu sonho em fuga.

Acredite! Espere! Sempre haverá uma saída, sempre brilhará uma estrela.

Chore! Lute! Faça aquilo que gosta, sinta o que há dentro de você.

Ei! Ouça...

Escute o que as outras pessoas têm a dizer, é importante.

Suba...Faça dos obstáculos degraus para aquilo que você acha supremo.

Mas não se esqueça daqueles que não conseguem subir a escada da vida.

Ei! Descubra! Descubra aquilo que há de bom dentro de você.

Procure acima de tudo ser gente, eu também vou tentar.

Ei! Você... não vá embora.

Eu preciso dizer-lhe que... te adoro,

simplesmente porque você existe.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Como ensinar a solidariedade

Será possível ensinar a beleza de uma sonata de Mozart a um surdo? Há coisas que não podem ser ensinadas. Elas estão além das palavras.

"Se te perguntarem quem era essa que às areias e aos gelos quis ensinar a primavera...”: é assim que Cecília Meireles inicia um de seus poemas. Ensinar primavera às areias e aos gelos é coisa difícil. Gelos e areias nada sabem sobre primaveras... Pois eu desejaria saber ensinar a solidariedade a quem nada sabe sobre ela. O mundo seria melhor. Mas como ensiná-la? Será possível ensinar a beleza de uma sonata de Mozart a um surdo? E poderei ensinar a beleza das telas de Monet a um cego? De que pedagogia irei me valer? Há coisas que não podem ser ensinadas, coisas que estão além das palavras. Cientistas, filósofos e professores são aqueles que se dedicam a ensinar as coisas que podem ser ensinadas por meio das palavras. Sobre a solidariedade muitas coisas podem ser ditas. É possível desenvolver uma psicologia da solidariedade, ou uma sociologia da solidariedade, ou uma ética da solidariedade... Mas os saberes científicos e filosóficos sobre a solidariedade não ensinam a solidariedade, da mesma forma como as críticas da música e da pintura não ensinam a beleza da música e da pintura. A solidariedade, como a beleza, é inefável – está além das palavras.

Palavras que se ensinam são gaiolas para pássaros engaioláveis. Mas a solidariedade é um pássaro que não pode ser engaiolado. Não pode ser dita. A solidariedade pertence à classe de pássaros que só existem em vôo. Engaiolados, eles morrem.
Walt Whitman tinha consciência disso quando disse: “Sermões e lógicas jamais convencem. O peso da noite cala bem mais fundo em minha alma...” E Fernando Pessoa sabia que aquilo que o poeta quer comunicar não se encontra nas palavras que ele diz: ela aparece nos espaços vazios que se abrem entre elas, as palavras. Nesse espaço vazio se ouve uma música. Mas essa música – de onde vem ela se não foi o poeta que a tocou?
O que pode ser ensinado são as coisas que moram no mundo de fora: astronomia, física, química, gramática, anatomia, números, letras, palavras. Mas há coisas que não estão do lado de fora, coisas que moram dentro do corpo. Estão enterradas na carne, como se fossem sementes à espera... Sim, sim! Imagine isto: o corpo como um grande canteiro! Nele se encontram, adormecidas, em estado de latência, as mais variadas sementes. Elas poderão acordar como a Bela Adormecida acordou com um beijo. Mas poderão também não brotar. Tudo depende... As sementes não brotarão se sobre elas houver uma pedra. E também pode acontecer que, depois de brotar, elas sejam arrancadas... De fato, muitas plantas precisam ser arrancadas, antes que cresçam: as pragas, tiriricas, picões... Uma dessas sementes é a “solidariedade”. A solidariedade não é uma entidade do mundo de fora, ao lado de estrelas, pedras, mercadorias, dinheiro, contratos. Se ela fosse uma entidade do mundo de fora poderia ser ensinada e produzida. A solidariedade é uma entidade do mundo interior. Solidariedade nem se ensina, nem se ordena, nem se produz. A solidariedade tem de brotar e crescer como uma semente... Veja o ipê florido! Nasceu de uma semente. Depois de crescer não será necessária nenhuma técnica, nenhum estímulo, nenhum truque para que ele floresça. Angelus Silesius, místico antigo, tem um verso que diz: “A rosa não tem porquês. Ela floresce porque floresce”. O ipê floresce porque floresce. Seu florescer é um simples transbordar natural da sua verdade. A solidariedade é como o ipê: nasce e floresce. Mas não em decorrência de mandamentos éticos ou religiosos. Não se pode ordenar: “Seja solidário!” A solidariedade acontece como um simples transbordamento: as fontes transbordam...
Já disse que solidariedade é um sentimento. É esse o sentimento que nos torna humanos. A solidariedade me faz sentir sentimentos que não são meus, que são de um outro. Acontece assim: eu vejo uma criança vendendo balas num semáforo. Ela me pede que eu compre um pacotinho das suas balas. Eu e a criança – dois corpos separados e distintos. Mas, ao olhar para ela, estremeço: algo em mim me faz imaginar aquilo que ela está sentindo. E então, por uma magia inexplicável, esse sentimento imaginado se aloja junto dos meus próprios sentimentos. Na verdade, desaloja meus sentimentos, pois eu vinha, no meu carro, com sentimentos leves e alegres, e agora esse novo sentimento se coloca no lugar deles. O que sinto não são meus sentimentos. Foram-se a leveza e a alegria que me faziam cantar. Agora, são os sentimentos daquele menino que estão dentro de mim. Meu corpo sofre uma transformação: ele não é mais limitado pela pele que o cobre. Expande-se. Ele está agora ligado a um outro corpo que passa a ser parte dele mesmo. Isso não acontece nem por decisão racional, nem por convicção religiosa, nem por um mandamento ético. É o jeito natural de ser do meu próprio corpo, movido pela solidariedade. Pela magia do sentimento de solidariedade meu corpo passa a ser morada do outro. É assim que acontece a bondade. O menino me olhou com olhos suplicantes.
E, de repente, eu era um menino que olhava com olhos suplicantes...
(Rubem Alves)

Eu levo ou deixo? Para descontrair...

Diz a lenda que Rui Barbosa, um dia ao chegar em casa, ouviu um barulho estranho vindo do seu quintal.

Chegando lá, constatou haver um ladrão tentando levar seus patos de criação. Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com seus amados patos, disse-lhe:


- Oh, bucéfalo anácrono! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e àsocapa. Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que tereduzirei à qüinquagésima potência que o vulgo denomina nada.

E o ladrão, completamente confuso, diz:

- Dotô, eu levo ou deixo os pato?

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Você é Bambu ou Tronco Rídigo?

“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo e esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”.
Fernando Pessoa


O budismo aponta o medo e o apego como sentimentos que nos fazem lutar contra o novo. Apego aos princípios que aprendemos com nossos pais na infância. Apego à pessoa que fomos, a um bem material, a uma instituição onde trabalhamos por anos e acabou se tornando a referência de quem somos.
Para deixar algo passar, ou exercitar o desapego, é preciso ter um certo grau de flexibilidade, assim como o bambu que acompanha o vai-e-vem da ventania para não quebrar. O que eu gosto e o que eu não gosto mudam tanto. Estamos num processo que flui e, quando a gente flui com ele, tudo é agradável porque tudo nos aponta o caminho. Então, não há briga interior, não há resistência. Essa elasticidade depende também da história de vida. Se, para mim, as primeiras mudanças experimentadas foram decepcionantes, me trouxeram sofrimento, vou construir um modo de ver a mudança como algo ruim. Serei menos ousada. Já alguém que teve exemplos de um pai que correu riscos e se deu bem, por exemplo, pode encarar as mudanças como algo positivo. O tempo é outro fator determinante de como lidamos com o deixar de ser: quanto mais ficamos aprisionados num determinado padrão, mais cristalizado ele tende a se tornar.
O físico José Menezes traz um outro olhar para o impasse criado com o medo de mudar. Ele cita a lei do equilíbrio: “A busca de retorno ao equilíbrio é uma condição natural. Se você puxa uma mola, ela estica. Mas, quando você solta, volta à posição inicial, a não ser que estique demais, até romper.” Assim, temos que ter, sim, um certo grau de flexibilidade. Só que cada um precisa descobrir seu limite. Caso contrário, corre-se o risco de ser tão adaptável às situações a ponto de perder a própria identidade. Percebe? Na metáfora da mola, o rompimento é quando você se desloca tanto da sua essência que perde o sentido do que quer e gosta.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

O Amor e a Loucura

"Contam que uma vez se reuniram todos os sentimentos e qualidades

dos homens em um lugar da terra.

Quando o ABORRECIMENTO havia reclamado pela terceira vez,

a LOUCURA, como sempre muito louca, propôs:

- Vamos brincar de esconde-esconde?

A INTRIGA levantou a sobrancelha intrigada

e a CURIOSIDADE sem poder conter-se perguntou:

- Esconde-esconde? Como é isso?
- É um jogo, explicou a LOUCURA, em que eu fecho os olhos

e começo a contar de um a um milhão enquanto vocês se escondem,

e quando eu tiver terminado de contar,

o primeiro de vocês que eu encontrar ocupará o meu lugar para continuar o jogo.

O ENTUSIASMO dançou seguido pela EUFORIA.

A ALEGRIA deu tantos saltos que acabou por convencer a DÚVIDA

e até mesmo a APATIA, que nunca se interessava por nada.

Mas nem todos quiseram participar:

a VERDADE preferiu não esconder-se.

"Para que se no final todos me encontram?"- pensou.

A SOBERBA opinou que era um jogo muito tonto

(no fundo o que a incomodava era que a idéia não tivesse sido dela )

e a COVARDIA preferiu não se arriscar.

- Um, dois, três, quatro, ... - Começou a contar a LOUCURA.

A primeira a esconder-se foi a PRESSA que caiu atrás da primeira pedra no caminho.

A FÉ subiu ao céu e a INVEJA se escondeu atrás da sombra do TRIUNFO que,

com seu próprio esforço, tinha conseguido subir na copa da árvore mais alta.

A GENEROSIDADE quase não conseguiu esconder-se,

pois cada local que encontrava parecia perfeito para algum de seus amigos:

se era um lago cristalino, ideal para a BELEZA;

se era a copa de uma árvore, perfeito para a TIMIDEZ;

se era o vôo de uma borboleta, o melhor para VOLÚPIA;

se era uma rajada de vento, magnífico para a LIBERDADE.

E assim acabou escondendo-se num raio de sol.

O EGOÍSMO, ao contrário, encontrou um local muito bom desde o início.

Ventilado, cômodo, mas apenas para ele.

A MENTIRA escondeu-se no fundo do oceano

( mentira! ela se escondeu mesmo foi atrás do arco-íris )

e a PAIXÃO e o DESEJO, no centro dos vulcões.

O ESQUECIMENTO... não me recordo onde se escondeu mas isso não é o mais importante... Quando a LOUCURA já estava lá pelos 999.999 ,

o AMOR ainda não havia encontrado um local para esconder-se pois todos já estavam ocupados, até que encontrou uma rosa e, carinhosamente, decidiu esconder-se entre suas pétalas.

- Um milhão! - terminou de contar a LOUCURA e começou a busca.

A primeira a aparecer foi a PRESSA, apenas a três passos da pedra.

Depois, escutou-se a FÉ discutindo zoologia com DEUS no céu.

Sentiu-se vibrar a PAIXÃO e o DESEJO nos vulcões.

Em um descuido, encontrou a INVEJA e claro,

pode-se deduzir onde estava o TRIUNFO.

O EGOÍSMO, não teve nem que procurá-lo.

Ele sozinho saiu de seu esconderijo, que na verdade era um ninho de vespas.

De tanto caminhar, a LOUCURA sentiu sede e ao se aproximar de um lago, descobriu a BELEZA. A DÚVIDA foi mais fácil ainda, pois estava sentada em uma cerca sem saber de que lado esconder-se... E assim foi encontrando todos:

o TALENTO entre as ervas frescas, a ANGÚSTIA numa cova escura,

a MENTIRA atrás do arco-íris ( mentira! na verdade estava no fundo do oceano) e até o ESQUECIMENTO, a quem já havia esquecido que estava brincando de esconde-esconde.

Apenas o AMOR não aparecia em nenhum local...

A LOUCURA procurou em baixo de cada rocha do planeta,

atrás de cada árvore, em cima de cada montanha...

Quando estava a ponto de dar-se por vencida, encontrou um roseiral.

Pegou uma forquilha e começou a remover os ramos, quando, no mesmo instante,

escutou um grito de DOR.

Os espinhos haviam ferido o AMOR nos olhos.

A LOUCURA não sabia o que fazer para desculpar-se.

Chorou, rezou, implorou, pediu desculpas e perdão e prometeu ser seu guia eternamente...

Desde então, desde que pela primeira vez se brincou de esconde-esconde na Terra:

O AMOR é cego e a LOUCURA sempre o acompanha."

(Autor Desconhecido)