sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Santo Sossego!

Como se não bastasse o barulho do mundo, o burburinho ruidoso dos nossos próprios pensamentos atrapalham um bocado, não acha? Esse blábláblá nos faz perder tempo e desperdiçar potencial. Aprender a controlar essa confusão nos torna mais calmos.
Para isso, temos de encontrar o nosso oásis particular. Começamos criando um espaço interior quieto com detalhes de um jardim ou outra paisagem, onde podemos pôr ou tirar tudo o que a gente gosta: sol ou nuvens, chuva ou céu azul, árvores ou flores. Liberdade total... Assim é a casa onde a gente vive.
Mesmo no meio da agitação, esse espaço de silêncio e paz está guardadinho, como nossos pensamento e emoções. E esse "cantinho" passa a ser um antídoto contra as coisas negativas e sempre que fechamos os olhos ela traz quietude para o coração.
Só com calma chegamos à clareza. É o silêncio que torna possível a reflexão, assim como só quando as águas de um lago se acalmam é que refletem a paisagem com perfeição. Esse é um processo pessoal que exige honestidade e coragem e ninguém pode fazer por nós.
Não que solidão queira dizer isolamento. Podemos estar cercados de pessoas e, ainda assim, nos sentir sozinhos. O importante é dominar esse desconforto que a idéia de solidão traz, porque ela enfraquece nosso espírito e nos torna vulneráveis. Para sermos felizes, precisamos aprender a ficar só e em paz, o que talvez não seja fácil. Mas é um gosto que se pode adquirir.
Apesar de associarmos a palavra solidão à tristeza, podemos tentar ouvi-la com outra melodia, assim como uma música pode ter mais de um arranjo.
Ela pode ser um terreno fértil como a terra depois da chuva, onde brotam as forças da criação. Não é à toa que, desde tempos remotos, artistas, místicos, eruditos e pessoas comuns procuram situações e lugares onde a serenidade os conduza a reencontrar a inspiração perdida no atropelo da vida diária.
Santa solidão.

Texto de Letícia Ferreira Braga